No século XIX, tiveram início os primeiros herbários no Brasil, entre os quais se destacam o Herbário do Museu Nacional (R, 1808), o Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB, 1890), o Herbário da Escola de Farmácia de Ouro Preto (OUPR, 1891), o Herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG, 1895), o Herbário Dom Bento Pickel (SPSF, 1896) e o Herbário da Escola de Minas de Ouro Preto (EM, 1900).
O Herbário OUPR ocupa uma posição de destaque nesse contexto, sendo o terceiro mais antigo do país, o primeiro fundado em Minas Gerais e o pioneiro no Brasil a estar vinculado a uma instituição de ensino. Sua criação ocorreu em um período de efervescência científica no estado, conhecido como o “período áureo da Scientia Amabilis”, marcado por intensa atividade de coleta e pesquisa botânica.
Mesmo após a criação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em 1969, os herbários da Escola de Farmácia e da Escola de Minas permaneceram como coleções independentes. Na década de 1980, com a criação do campus Morro do Cruzeiro, o Herbário OUPR foi transferido para o recém- fundado Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (ICEB), ocasião em que também incorporou o acervo do Herbário da Escola de Minas (EM), ampliando ainda mais sua relevância científica e histórica.
Durante o Congresso Nacional de Botânica realizado em Ouro Preto, em 1986, o Herbário passou a ser oficialmente denominado “Herbário Professor José Badini” em homenagem ao pesquisador que dedicou mais de quatro décadas à conservação e ao desenvolvimento dessa importante coleção. O acrônimo OUPR, no entanto, foi mantido em reconhecimento à sua origem institucional.
O acervo do Herbário OUPR permanece ativo e em franco crescimento, abrangendo majoritariamente espécies da flora brasileira, além de exemplares exóticos. Entre os materiais mais valiosos estão espécies-tipo descritas por renomados botânicos, como Álvaro da Silveira, Leonidas Damázio, Carl August Wilhelm Schwacke, Moacyr do Amaral Lisboa e o próprio José Badini. A coleção histórica inclui espécimes coletados por nomes de grande expressão na botânica, como Ducke, Glaziou, Costa Sena, Alfredo T. Baeta Neves, Mello-Barreto, Campos Porto, Loefgren, Jacinto Bruno de Godoy e outros.
Esse acervo centenário é frequentemente consultado por instituições e pesquisadores, tanto nacionais quanto internacionais, para o desenvolvimento de estudos em áreas como taxonomia, florística, ecologia, farmacologia e demais disciplinas relacionadas às ciências naturais. Entre as coleções mais expressivas em número de espécimes destaca-se a do Professor José Badini, com ampla representatividade de amostras da flora de Ouro Preto e região.
A coleção possui especial relevância para o conhecimento da flora do Quadrilátero Ferrífero, especialmente dos campos rupestres sobre substratos quartzíticos e ferruginosos (cangas), bem como de formações florestais, como as florestas estacionais semideciduais e matas ciliares.
Reconhecido como um importante depositário do Patrimônio Cultural em Ciência e Tecnologia, o Herbário OUPR integra redes institucionais como a Rede Brasileira de Herbários, a Rede Brasileira de Museus e Acervos Universitários, a Rede de Museus e Acervos da UFOP e o Index Herbariorum. Além disso, é oficialmente registrado como Fiel Depositário do Patrimônio Genético junto ao Ministério do Meio Ambiente (Deliberação nº 61, D.O.U. de 08/07/2004, seção 1, p. 104), o que reforça sua relevância como guardião de um acervo de grande valor histórico, científico e cultural para o Brasil.

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